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A era da liquidez humana

Na era da liquidez humana, relacionamentos fugazes e amores rasos, é improvável encontrar alguém com quem seja possível se relacionar de maneirar saudável e, quase impossível se manter saudável para os relacionamentos. É paradoxal, a comunicação nunca foi tão facilitada quanto agora, entretanto, as pessoas se tornaram inacessíveis. São tantos sinais confusos e desconexos, como se cada um de nós, possuísse seu eu criptografado. Com isso, nossa capacidade de amar, vai escorrendo por entre nossos dedos. Vamos aprendendo a ser descartáveis e a descartar, para usar uma expressão bem popular, vamos aprendendo a “seguir o baile”

Por mais contraditório que possa parecer, ansiamos por contato humano, precisamos nos relacionar. Em seu livro “amor liquido”, o sociólogo Bauman descreve essa condição; “... nossos contemporâneos, desesperados por terem sido abandonados aos seus próprios sentidos e sentimentos facilmente descartáveis, ansiando pela segurança do convívio e pela mão amiga com que possam contar num momento de aflição, desesperados por “relacionar-se” e, no entanto desconfiados da condição de “estar ligado” em particular de estar ligado “permanentemente” para não dizer eternamente, pois temem que tal condição possa trazer encargos e tensões que eles não se consideram aptos nem dispostos a suportar, e que podem limitar severamente a liberdade de que necessitam para — sim, seu palpite está certo — relacionar-se...”

O amor se tornou uma questão existencial, os sentimentos mais ambíguos do que nunca. Assistimos nossos amigos e familiares tentarem a todo custo encontrar no outro algo que lhes falta, sem se darem conta de que, trocar de pessoa como se trocasse de roupa, não é a solução. O abismo que percebemos em nós é a falta dos vínculos, dos laços humanos e, isso não constrói deletando e substituindo.

Nesse contexto, cabe a nós, a responsabilidade de nos preservar. Embora os relacionamentos saudáveis sejam escassos, não são impossíveis, cabe a nós, mesmo que na contramão das probabilidades, buscar por pessoas emocionalmente saudáveis, ainda que, a maioria diga que tudo bem ser raso, não abrirmos mão da nossa profundidade.

Opte por se relacionar com quem se permite ver além do que você aparenta ser, quem não medirá esforços para descriptografar você, quem mesmo com medo de sentir, se permita. Escolha quem queira se conectar, somar, construir, quem não cobra demais e se dá de menos.

Não se deixa envolver por pessoas confusas, que te procurarão vez ou outra para maquiar seus próprios abismos, que diante do vazio da solidão, quando não encontrarem ninguém, lembrarão da sua existência e, tendo supridas suas rasas e supérfluas necessidades, esquecerão. Deixe que a vida se encarregue de tornar essas pessoas seres humanos menos tóxicos, ou, de faze-las aprender a procurar seus iguais.

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